Black Flag




Fumar um cigarro sentado a beira da deserta auto estrada, nas primeiras horas do dia, é algo que tenho feito frequentemente... metaforicamente.
Expelindo fumaça pelas ventas, regando a garganta com whisky barato e agarrando a sorte pelos dentes.
Algo em mim sempre me remeteu aos velhos piratas europeus, não sei se o velho hábito de trazer comigo um espírito e uma carcaça imundos ou a falta de uma perna que me impedice de chegar a algum lugar, a  fugir antes do amanhecer, atrelado afetivamente a um navio caindo aos pedaços, a uma tripulação dos mais variados patifes ja encontrados na face da terra e a uma bandeira negra, ordinária, cravada no topo de minha cabeça.
Um pirata retórico, a beira de uma deserta auto estrada, as 5:45 da manhã, cigarro apagado numa mão, o desejo de uma garrafa de gim na outra. É assim que tenho me sentido frequentemente... Metafisicamente.
A espera de que algo ilógico aconteça, que Godoh apareça e não me faça comentários sobre o tempo. 

                                                     - Wally Wild